Atualmente, estamos testemunhando um verdadeiro frenesi em torno da chamada “dieta alcalina”. Seus defensores juram de pés juntos que, ao comer apenas alimentos alcalinos, você vai transformar seu corpo em uma fortaleza contra doenças. O problema é que isso é uma meia-verdade, um conceito científico distorcido que virou mantra de gurus de saúde mal informados.
Sim, o equilíbrio do pH corporal é importante, mas será que precisamos seguir essas dietas radicais para atingir isso? E onde fica o papel do jejum intermitente nessa história, uma prática milenar que, ao contrário da dieta alcalina, tem fundamentos claros na ciência?
A verdade é que a obsessão pelo “alcalino” desvia as pessoas de soluções mais simples e poderosas, como o jejum intermitente, que já foi amplamente estudado e comprovado como uma ferramenta eficaz para a longevidade e o fortalecimento da saúde metabólica.
Enquanto as dietas da moda brincam com o medo das doenças crônicas, o jejum intermitente se apoia em uma lógica evolutiva sólida: nossos antepassados não comiam de três em três horas, e seus corpos sabiam muito bem como lidar com períodos sem comida. Mas a pergunta que ninguém se faz é: por que preferimos dietas baseadas em conceitos capengas ao invés de uma prática simples e natural como o jejum?
O Mito do Corpo Alcalino
A dieta alcalina se sustenta na ideia de que, ao ingerir alimentos alcalinizantes, como vegetais de folhas verdes e frutas, você consegue alterar o pH do sangue e, consequentemente, evitar doenças.
Quem defende essa ideia esquece de mencionar que o corpo humano já tem um mecanismo de regulação do pH altamente eficiente: nossos rins e pulmões fazem esse trabalho com maestria.
O pH do sangue saudável está entre 7,35 e 7,45, e desviar disso pode significar uma visita urgente ao hospital. Comer brócolis pode ser ótimo, mas ele não vai “alcalinizar” seu sangue de maneira milagrosa.
Esse é o tipo de discurso que faz as pessoas gastarem dinheiro em alimentos “superalcalinos”, ignorando o fato de que o que realmente nos adoece são os excessos de açúcar, gorduras trans e o sedentarismo. A dieta alcalina, com sua aura pseudocientífica, vira uma distração confortável para quem não quer encarar o verdadeiro problema.

Jejum Intermitente: A Sabedoria do Passado que Ignoramos
Enquanto isso, o jejum intermitente – ignorado por muitos em nome de soluções “modernas” – continua sendo um dos métodos mais eficazes para restaurar o equilíbrio do corpo. Diferente da dieta alcalina, o jejum intermitente não se apoia em teorias fajutas.
Ele opera com a lógica biológica: quando damos ao corpo períodos sem comida, ele entra em estado de autofagia, uma faxina celular que limpa os detritos acumulados e favorece a renovação das células.
Além disso, o jejum intermitente melhora a sensibilidade à insulina, diminui a inflamação e reduz os níveis de colesterol ruim (LDL), tudo isso sem precisar gastar fortunas em alimentos “milagrosos”.
O corpo humano evoluiu para sobreviver com escassez, e o jejum nada mais é do que a ativação desse mecanismo ancestral. Se você quer saúde de verdade, faz mais sentido dar ao seu corpo o que ele já sabe usar do que inventar moda com dietas infundadas.
Benefícios Físicos: Fortalecimento e Renovação Celular
Os benefícios físicos do jejum intermitente são evidentes. Primeiro, ele ajuda a regular o peso corporal, já que diminui o consumo calórico sem a necessidade de restringir alimentos o tempo todo.
Segundo, melhora o metabolismo, permitindo que o corpo use gordura como fonte de energia em vez de depender apenas de glicose. Isso leva a uma perda de peso sustentável e à melhora da composição corporal.
Além disso, como já mencionado, o jejum ativa o processo de autofagia, uma espécie de “limpeza” nas células. Esse processo é essencial para prevenir doenças crônicas, como o câncer e o Alzheimer, além de melhorar a saúde cardiovascular. E, ao contrário do que a dieta alcalina propõe, você não precisa de alimentos especiais para desencadear isso – apenas de períodos de jejum.
Benefícios Mentais e Emocionais: Clareza e Resiliência
No aspecto mental, o jejum intermitente também surpreende. Durante o jejum, muitas pessoas relatam um aumento na clareza mental e no foco. Isso ocorre porque, quando o corpo se adapta ao uso de cetonas (produzidas pela queima de gordura), o cérebro recebe uma fonte de energia mais eficiente. O resultado? Menos “neblina mental” e mais capacidade de concentração.
Emocionalmente, o jejum pode gerar uma sensação de controle e autossuficiência. Em uma época em que somos bombardeados por estímulos e excessos, aprender a controlar os impulsos alimentares nos traz um senso de liberdade.
Essa prática ensina a separar a fome real da fome emocional, algo que as dietas da moda, com suas restrições intermináveis, não conseguem fazer.
Dicas Práticas: Como Começar com Jejum Intermitente
Para quem quer começar com o jejum intermitente, a chave é a simplicidade. Você pode optar pelo método 16/8, onde se jejua por 16 horas e se come dentro de uma janela de 8 horas.
Por exemplo, se você fizer sua última refeição às 20h, só voltará a comer ao meio-dia do dia seguinte. Nesse intervalo, pode-se beber água, chá ou café sem açúcar.
Outra dica importante é não se pressionar demais no início. Comece com jejum de 12 horas, depois aumente gradualmente. Ouça seu corpo e ajuste conforme necessário. Não se trata de seguir regras rígidas, mas de adaptar o jejum ao seu estilo de vida.
Repensando as Escolhas: O Caminho Natural é o Mais Simples
Olhando para todo o barulho em torno de dietas como a alcalina, fica claro que estamos buscando soluções complicadas para problemas simples. O corpo humano não precisa de alimentos exóticos para se manter saudável; ele precisa de equilíbrio, descanso e práticas ancestrais, como o jejum intermitente, que respeitam sua natureza biológica.
O grande erro da modernidade é achar que podemos substituir o que a evolução construiu com suplementos e regimes de alimentação mirabolantes.
Se há uma lição a ser aprendida, é que o caminho mais natural e simples, como o jejum, quase sempre será a melhor escolha. Afinal, nosso corpo não foi feito para os caprichos da indústria da dieta, mas para funcionar em harmonia com os ritmos da natureza.
E o que é mais natural do que dar ao seu corpo a chance de respirar e se regenerar, sem distrações, sem excessos, apenas com tempo e paciência?
Fontes:
Jejum Intermitente e Regulação Metabólica(Sérgio Veloso)
Jejum Intermitente: Benefícios para Diabetes e Alzheimer(Abeso)
Jejum Intermitente: Benefícios e Como Fazer(Tua Saúde)
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